Dando continuidade à entrevista “A Borda como Centro: Psicanálise e Espaço Público”, publicada no número anterior, a Revista Cultura no Divã – Relações contemporâneas entre psicanálise e cultura (ISSN 2446-8282) volta a conversar com o psicanalista e analista institucional Jorge Broide, agora sobre a temática do método e da técnica da prática do psicanalista no espaço público.

E, de fato, será somente pela escuta da emergência social em questão – ou da “escuta territorial”, como Jorge e Emília Broide a denominam – que o psicanalista, pautado aqui pelas regras fundamentais da psicanálise, será capaz de construir dispositivos mediante os quais possa operar com base no inconsciente e na transferência.

Apoiando-se nas elaborações de Michel Foucault, Gilles Deleuze, Giorgio Agamben e Enrique Pichon-Rivière, Jorge entende que a instituição de “máquinas de fazer ver e fazer falar” (Deleuze) – ou seja, de dispositivos – no espaço público permitirá dar a ver, por meio da transferência, tanto as “estruturas e relações do território”, aqui entendidas como constitutivas dos sujeitos, quanto as “amarrações inconscientes” dos sujeitos à cidade, junto a sua história de vida, seu presente, passado e também futuro.

A “amarração inconsciente da história do sujeito ao território” será, então, o que irá permitir que se constituam políticas públicas fundamentadas exatamente nessa leitura. Como afirma Jorge, eis, afinal, um exemplo de como a psicanálise trabalha até mesmo nos espaços públicos na construção de políticas públicas e na gestão do público. Duração: 28’26”