Partindo da noção de contemporâneo proposta pelo filósofo italiano Giorgio Agamben, a Revista Cultura no Divã (ISSN 2446-8282) conversa com Miriam Debieux Rosa, livre-docente do Programa de Psicologia Clínica e coordenadora do Laboratório Psicanálise e Sociedade da Universidade de São Paulo (USP), sobre o tema do terrorismo considerando-o como um analisador do contemporâneo.
Entendendo a figura do terrorista como uma “alteridade insuportável”, Miriam Debieux Rosa e Giovanna Bartucci apoiam-se na narrativa do filme Paradise Now (Hany Abu-Assad, PLE | FR | GER | NLD | ISR, 2005, 90’, color.) para circunscrever qualidades e características presentes na atualidade passíveis de contribuir para tal construção. De fato, por um lado, Miriam considera que o filme expõe dinâmicas que explicitam os jogos de poder em pauta depositados sobre aqueles aos quais atribuímos o “mal radical”; por outro, Giovanna concebe a figura do terrorista como um explicitador da dimensão “inatual” do contemporâneo, ou seja, aquele que se encontra confrontado com o traumático, com o inacessível, também como consequência da dilapidação do patrimônio transgeracional.
Afinal, sugerem que (este) sujeito, aprisionado em um presente que não lhe diz respeito, que não o representa, imerso que está em experiências traumáticas, responde com violência à alteridade. Debieux propõe ainda ao coletivo pensar a política como pólis, não como mecanismos massificados, que nos permita a convivência com a alteridade sem a diluição das diferentes culturas em uma forma única globalizada – exatamente por meio da retomada da concepção de experiência com o outro. Duração: 38’26”
Imagem: Cultura no Divã | O terrorismo como analisador do contemporâneo | São Paulo | 2018 | divulgação